Clarice Lispector

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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Homenagem à poetisa Rosane Silveira


.


Rosane Silveira recebe nossa homenagem aqui na Academia de Artes e Poéticas Clarice Lispector, através de seus poemas aqui publicados:



Sou ou não sou

Sou ou não sou
não tenho essa de meio termo
de meio tempo
de estiagem, de aparagem
ou sou tempestade ou céu azul
ou sou maresia ou ventania
ou sou mar calmo ou mar bravio
sou densidade e intensidade
leveza e pureza
ou um pesado fardo e profana
não tenho meio termo nem sigo padrões
faço eu mesma minhas próprias previsões.
Sou tudo ou não sou nada
sou poeira ou pó da estrada
sou...sou densa...quente...bravia
perdida...felina...da vida sou amor.

Rosane Silveira



Crucificada pelo amor

Sim, eu sou uma pecadora
daquelas absolutas que reina em si mesmo
Crucifica-me então por amar
por querer sentir a essência da vida
Crucifica-me
por querer mais e mais de tudo
ir até o âmago o fundo
Crucifica-me por querer o gozo pleno
o delírio louco
o amor insano
Crucifica-me por eu ser quem sou
uma fêmea no cio sedenta do néctar da vida
Crucifica-me
mas venha sem pressa
ainda tenho muitos pecados à cometer
quero ter a alma livre antes de morrer
em um último orgasmo.

Rosane Silveira












Fim de caso

Estabeleceu-se então
uma tristeza profunda
entre aqueles amantes
que dizem-se adeus
meio que sem querer
fechou-se o ciclo
encerrou-se os sonhos
ficaram os dois ali
inertes parados
estagnados olhando um
a dor do outro
e pensando se tudo não
poderia ter sido evitado
ficou ali...jogado no chão da tristeza
e nas paredes da imcompreensão
todo amor derramado
depois que perfurado foi o coração.

Rosane Silveira




Dor


Se eu fosse derramar no papel
toda dor sangrenta que aflige minh'alma
deixaria aqui todas as minhas lágrimas
todos os meus sentimentos
todas as minhas sensações e emoções
e tudo o que sou
sairia daqui como um ser inerte
como uma casca,
como um nada
viveria por ai comendo
como louca o pó da estrada
sairia em desparada em busca de
algo que nem sei o quê
ficaria alucinada
flertaria com os manequins
falaria de amor aos postes enamorada
ah meu querido se te falasse
da dor que ora me aflige
seria como se tivesse sendo
açoitada pelo pior algoz
deixaria até me matar
se fosse pra estancar de mim
esse martírio de sentir-me assim
me refiz muitas vezes...
tentei reerguer meu corpo padecido
mas sucumbi-me tantas outras...
sinto-me cansada, tal como flor
despedaçada
e hoje derramo aqui o resto de mim
ficando em mim...o nada.

Rosane Silveira




Labirintos de mim

Vasculhei-me tantas vezes
fiz inúmeras e incontáveis
buscas por mim
que se perdeu de ti
na curva da vida que te levou
deixando o martírio de não mais tê-lo
perdi-me de mim
de ti...da vida
perdi-me
deixei-me então levar pela ilusão
de viver sem ti
eis que apenas sobrevivo
paradigmas a todo instante
são colocados diante de mim
me pondo em provas constantes
da solidão que ora me atormenta
e atordoa
falta-me ar...falta-me
e não sei guiar-me na escuridão
que agora se faz presente
vou caminhando, triste e vacilante
pelos labirintos perdidos de mim.

Rosane Silveira




Sofreguidão de amar

Quando a taça chega ao fim
quando o amor se esvai
chego a duvidar até de mim
se sou eu mesma ou
uma cópia absurda de mim
ou alguém inventado
fico meio que sem saida
temendo a despedida
colho sofregamente
qualquer respingo de amor
seja como for
vou do alfa ao ômega de mim
desfolho-me inteira, me despindo
de minhas besteiras
e peço-te tristemente
que se deixe ficar mais um pouco
ao menos até que minha taça se
encha de novo.


Rosane Silveira




Luz dos olhos teus

Hoje estou assim
sem saber o que fazer de mim
lá fora o mundo gira
aqui dentro a vida pára
dando lugar a inércia do ser
a amplitude da dor
que me incomoda
e atordoa meu tão já
sofrido coração
dor de amor...dor, mais que dor!
Agiganta as horas que passo sem ti
vejo lá fora uma flor se abrir
me convida a ir...sair!
e lá fora quando olho
o mundo todo se perdeu
sabe onde meu querido?
Na luz dos olhos teus.

Rosane Silveira




Só te peço

Guia-me nesse momento de dor
me sustente se eu cair
acolha-me em teus braços
e em um terno abraço me faça dormir

Senta-te bem próximo de mim
me fale de coisas boas e deixe as ruins
sêde porém meu melhor amigo
meu porto seguro meu abrigo

Toca-me como quem toca
em um cristal, hoje quebro
ao menor sinal

Vislumbre um horizonte limpo
e me mostre
até os pássaros cantando
qualquer coisa, não se importe.

Só te peço que me acolha
em teus braços e me faça repousar
nesse dia em que a tristeza insiste
em me acompanhar.

Rosane Silveira




Aconchego

Aconchegue-me junto a ti
minha alma cansada de vagar
por um mundo de ilusões
onde os amores são vãos

aconchegue-me junto a ti
e me fale de coisas boas
da alegria de dançar na chuva
de um lindo por do sol

aconchegue-me junto a ti
e fale manso ao meu ouvido
palavras de amor vindo
do teu coração

aconchegue-me junto a ti
e deixe teu corpo pousar
ao meu lado num abraço
terno depois do amor feito

aconchegue-me junto a ti
nesse encontro único, sereno
pleno de sentimento onde
o amor maior é o fundamento.

aconchegue-te a mim e fique
por pouco ou muito tempo...
mas só te peço aconchegue-te
agora, vem de pressa sem demora.

Rosane Silveira



A promessa

De que em momento algum
meu coraçao fará o teu chorar
a dor do desamor

Em momento algum irei proferir
contra ti palavras de abandono
ou de dor

em momento algum deixarei
rolar uma lágrima de tristeza
nos olhos teus

em momento algum deixarei
voce olhando o mar em total
solidão...

por fim em momento algum
deixarei que teus olhos vislumbrem
um futuro sem mim

a menos que teus olhos queiram
outras aragens e outros caminhos

ai te prometo
que deixarei ir...
mas levará o meu amor contigo

Rosane Silveira



Enamorada

Ah, meu doce amor
quanta brandura há em teus olhos
quanta ternura há em tuas mãos
que me afagam
Doce amor que me embala a alma
quando falas-me de ti com voz doce e mansa
quando olha em meus olhos e
sinto-me como tocada por anjos
amor em demasia, amor que santifica
e que torna passiva até a mais terríveis
das batalhas
é o teu amor, meu amor
amor que me enleva até o mais alto cume
do bem querer
do amor em querer-te
sentir-te
viver-te
e assim eu sigo por ti
enamorada...




Incansável Coração

És um guerreiro,
um nobre cavalheiro
que fortemente se prepara
pra mais uma batalha, caro coração

Estais em vias de entrar em uma guerra
mais uma batalha pela felicidade
veste-te com as armaduras da brandura
e da amabilidade

Carrega junto contigo
todo amor que tiver, será tua arma
vez ou outra use o escudo da autodefesa
mas só bem de vez em quando

Vá pra frente de batalha, abra-te bem
e deixe o oponente - amor entrar
e travar contigo uma guerra de emoções
nem se tente camuflar

caso saia machucado
fique só um pouco de lado,
só o tempo de sarar
pra logo depois uma nova guerra
com mais força você começar.

Rosane Silveira





A pena e eu

A pena com que escrevo
e as palavras que saem desordenadas
estão com pena de meu estado mental
estou agora no descontrole de mim

escrevendo coisas por ai
desabafos a torto e a direito
maquinalmente penso...nem reflito
sequer existo

palavras tolas e vãs
de sentimentos mais tolos
quereres sem querer
amores sem amar

Vida sem sentir, sequer viver
amor, dor...indolor
a inércia de mim me faz assim
até a pena com que escrevo
tem pena de mim.

Rosane Silveira



Alma só

lá fora possíveis gritos de alegria
possíveis palavras de amor
sonhos de alguém que ainda acredita
possíveis paixões arrebatadoras


lá fora música tocando
luzes piscando
pessoas falando
e o mundo girando

lá fora, a solidão não tem espaço
o burburinho da multidão camufla
a dor do abandono
de quem quer que seja

lá fora...lá fora
aqui dentro...morte subita
nos quarenta e cinco do segundo tempo
tudo parou...se consumiu...consumou.

Fim, perda?
não sei...
dor? talvez uma inquietante
lágrima? algumas

sem direito sequer a revanche
perda total, sentimento conturbado
tudo misturado
e uma inquietante solidão que me corrói
enquanto

lá fora...

ah lá fora o meu mundo padece
e esmorece e minha alma se entorpece
de dor, angustia e sensação de abandono
medo...

Rosane Silveira




Deserto de mim

Perdi-me por entre ruas e
vielas de minha solidão
caótica e triste...
arrastei-me até aqui e fiquei
esperando com sofreguidão
um gole do teu amor
um olhar de piedade pra mim
calor escaldante,
sentimento cortante
alma dilacerada,
algumas chagas e dores
e eu aqui...
no deserto árido e quente de mim.

Rosane Silveira




Que...


Que eu me perdoe mil vezes mil
e ainda assim consiga
pecar mais um pouco...
Que eu acalente amores
e até dores e ainda assim
queira amar mais e mais
Que eu não me limite em nada
que ainda assim,
com os percalços da vida
consiga sentir-me feliz
no fim da estrada
pois o fim...não é o fim
quando temos consciência de que
tudo foi feito
em detrimento da felicidade
do outro mas principalmente
em detrimento de nós mesmos
porque o amor é egoista
em sua essência...

Rosane Silveira





Amor que veio pra ficar


No mais profundo do seu ser
ela sabia que seria amada
deixou-se levar pela sua paixão
dando-se tão somente
ás mãos do homem amado

Aquietou sua alma e passou
a ouvir a dele, deu-se, entregou-se
e perdeu-se no amor que sente
vivenciou novos dias
de luz e paz

aquietou-se em si e pensou
daqui não saio nunca mais
tal sentimento de amor vivenciou
plena sentiu-se desfolhando-se
em amor.

Eis o retrato de uma mulher
apaixonada...serena, feliz
e entregue ao amor
de um homem sedutor.


Rosane Silveira




Despedida


E de repente ficou um gosto ruim na boca
as palavras proferidas tristemente
olharam-se pela primeira vez como estranhos
sentiu-se depois do amor meio profana
e ela saiu dali com a sensação de que era suja

Fim de amor, tentativa de reconcilição
quando o cristal quebra
não tem mais solução

Tardou o momento do entendimento
ela ficou olhando ele despido e
acreditou estar vendo uma alucinação
não era aquilo que ela queria não

Nua na cama, tentou vestir-se
porém estava exposta a alma
mais do que o corpo
e ali ficou olhando o nada
encolhida em sua tristeza

Fim de caso, fim de amor
início da dor...da tristeza que
acompanha os amantes
no fim da estrada, depois de tudo
fez-se o nada

e ela ali ficou sozinha
olhando o vazio que a consumia
tentou acreditar que por fim
sobreviveria a dor do amor perdido
numa despedida.

Rosane Silveira



Decência


De todas as besteiras que fiz
só não soube dizer-te adeus
com decência
preferi acreditar na minha demência
de sentir-me amada por ti

apregoei aos quatro cantos
um amor que não existiu
deixei-me levar pelo desengano
da dor massacrante de sentir-te meu

acasalei varias vezes
com os desmandos
de uma tristeza que me consumia
deixando em mim chagas mal curadas

afaguei-te o ego e a alma
desfiz de mim pra te compor
e por fim, disse-me em uma noite
triste do meu amor

tateei no escuro da noite
buscando a minha sanidade
tola discrepancia de quem
ama sem vaidade

pareço ausente de mim hoje
fragmentei-me muitas vezes
tentando compor-te um poema
que me desse um pouco de decência

por fim estou aqui
desfazendo-me em palavras
num último suspiro de amor
onde o que manda é a minha dor.

Rosane Silveira





Não fale


Não fale nada, deixe
que o silencio traduza
todo esse momento
de dor onde tu tentas
desesperadamente
não ferir-me mais

Não fale nada
deixe a inquietante
ausência de paz
aquietar-se nesse momento

Não fale nada
não precisa dizer nada
tudo já foi dito
quando olhei os olhos teus

Não fale, não sinta, não pense...
nem lembre dos momentos meus
que foram teus


Não fale, deixe que a agonia
de perder-te pelo menos
seja decente...não fale...

deixe que o silencio grite
a dor do amor perdido
no vão das palavras não ditas.

Rosane Silveira



Falou-me


Falou-me o amor ao ouvido
disse-me que sofrer é preciso
calar na alma a dor do desamor
e deixar-se um pouco inerte
na alma da vida
falou-me mansamente ao ouvido
o amor e sentenciou-me tal como
um algoz
ao sofrimento triste e voraz
falou-me...
calou-se e
perdeu-se no íntimo de mim
tal amor doído sentido
e perdido de mim
que foi escorrendo pela solidão
tardia e demasiada pra um só sentir.

Rosane Silveira





Fim de caso

Estabeleceu-se então
uma tristeza profunda
entre aqueles amantes
que dizem-se adeus
meio que sem querer
fechou-se o ciclo
encerrou-se os sonhos
ficaram os dois ali
inertes parados
estagnados olhando um
a dor do outro
e pensando se tudo não
poderia ter sido evitado
ficou ali...jogado no chão da tristeza
e nas paredes da imcompreensão
todo amor derramado
depois que perfurado foi o coração.

Rosane Silveira





Labirintos de mim

Vasculhei-me tantas vezes
fiz inúmeras e incontáveis
buscas por mim
que se perdeu de ti
na curva da vida que te levou
deixando o martírio de não mais tê-lo
perdi-me de mim
de ti...da vida
perdi-me
deixei-me então levar pela ilusão
de viver sem ti
eis que apenas sobrevivo
paradigmas a todo instante
são colocados diante de mim
me pondo em provas constantes
da solidão que ora me atormenta
e atordoa
falta-me ar...falta-me
e não sei guiar-me na escuridão
que agora se faz presente
vou caminhando, triste e vacilante
pelos labirintos perdidos de mim.

Rosane Silveira





Gostosura

És gostosura sim,
com todos os predicados
pois tens um coração brando
ainda que machucado

És gostosura sim
Porque trás na alma
o dom do poeta mesmo sem fazer poesia
sente pressa de ser feliz, ama e adora uma anarquia

És gostosura sim
porque tens gentileza no olhar
e principalmente
no falar

És gostosura sim
mas uma gostosura diferente
daquelas que
encanta a toda gente.


Rosane Silveira




Queria...


Queria poder falar
mas um nó na garganta
e um embargo na voz
me cala...

Queria poder gritar
mas meus pulmões apertam-se contraindo
e o meu ar se tornou pouco
quase nenhum

Queria poder chorar
mas lágrimas não brotam de meus olhos
doloridos pela ânsia de desabafar

Queria poder sumir
ou ir até ai

Queria poder gemer
pois meu corpo inteiro
dói pela dor de te perder

Queria poder sangrar
até a morte se preciso fosse
mas tudo oque tenho é uma inércio do ser

Queria poder tudo, queria poder nada
queria...
que...
ria...
a.

Rosane Silveira





Planeta Terra – planeta berra

Ò terra plena de angústia e dor
Porque lamentas ò bela terra
Tanto desamor?

Fostes massacrada
Tristemente humilhada
Despojaram sobre ti restos
E uma dor sem fim

Deram-lhes tapas na cara
Fostes covardemente violentada
Arracaram-lhes os filhos teus

Destroem tudo o que vêem
Disseminam chances de vivência
Por total incoerência

Triste povo que lamenta
O chão em que vive e planta
Triste alma de tormenta

Secam tuas águas
Teus prados verdes viram nada
E teus olhos sobre o mundo se fecha
Em desespero e dor

Teu coração quase parando
Suplica ainda um pouco de amor
Olham-te alguns ternamente
Há esperança ao invés da dor

E em oração pedimos ansiosos
Que por fim todos te auxiliem
Te cuidem e te amem

Ò mãe gentil, ò terra nossa
Planeta de luz, planeta de amor
Gritemos em altos brados o
Amor antes esquecido

Façam-se nascer centelhas de amor
Num planeta
Chamado redenção
nossa Terra nosso chão.


Rosane Silveira




Perder-se também é caminho


Perder-se também é caminho
disse Clarice Lispector tão sabiamente
concordo com ela
nos perdemos sempre todos os dias
em caminhos que pareciam retos
e do nada se tornam tortuosos e pedregosos
achar o caminho de casa se torna necessário
com os pés cansados e as mãos sujas por
tatear muitas vezes em caminhos escuros
enlameados pelos apelos do mal
fazem com que nos sintamos cansados
e desejosos tão só de um canto pra ficar
encostar-se sem ter que se sujar
perder-se também é caminho
encontrar-se pode ser perder-se mais:
perder-se em meio a ilusao de achar ter se encontrado
e quando vê, não se encontrou em nada,
não encontrou nada
está tão perdido no fim...quanto no inicio da estrada.

Rosane Silveira




Criança de rua

Humildemente uma criança passa
invisível aos olhos atentos dos homens
vende balas, doces e sonhos
seus sonhos que se tornaram desenganos

Humildemente uma criança fala
surdamente aos ouvidos dos homens
que não houvem seu pedido de socorro
sua necessidade de conforto

Humildemente uma criança chora
um choro calado, sofrido e desamparado
quase desesperado
sonhando desafortunado por um prato, um amparo

Humildemente vive,
Humildemente uma criança morre
no pé do morro desprovida
de chance de socorro sendo
sendo mais um na estatística

Humildemente vive,
humildemente morre
triste dor dos filhos da terra
triste lamento de um coração que
tão somente espera.


Rosane Silveira





Consumado


E eu, com todo meu amor
me deixei levar
deixei que tuas palavras
me consumissem por inteira

desvenciliei-me de mim
e me dei pra ti
carreguei todos os fardos
de um amor mal-resolvido

entreguei a ti o meu melhor
e todo o meu tormento
de viver só

acreditei nesse amor
de um só sentir
e por fim, no fim
vi, que estava consumado
consumou-se o fim.

Rosane Silveira




Maria velha

(poema em ode a todas as Marias catadoras de papel)

Maria Velha era uma mulher
um tanto estranha
todos os dias ia pela rua
catando papel


suava, cansava, andava
mas não se entristecia
dura vida a vida
de Maria

pelos caminhos da vida
ela ia
com seu carrinho puxando
pelo sol ardente
ela ia toda sorridente

e assim Maria ia
e assim Maria vinha
Maria como tantas outras
que vão pela lida
fazendo sua vida

Ahh Maria Velha
como pode a quimera
de rir-se assim
parece que ri até de mim

Doce exemplo do ser
de gente que sabe viver
Maria velha
Velha de guerra
maria de muitas histórias
e tantas memórias

és tu Maria...

Rosane Silveira




Louca sanidade


Angustia-me hoje e
enlouquece-me
a sensação angustiante
de deixar-te
balbucio palavras surdas
a ouvidos mudos
ando estaticamente pelos cantos
de minha redonda vida
vislumbro hoje uma noite
com sol escandante
amanhã bem sei que o luar
estará lindo pela manhã
Já ouvi dizer que cairá chuvas
de pétalas de rosas
e os jardins estarão floridos
de gotas de chuvas
aquele piano que tu gostavas
todas as cordas arrebentaram
não toca mais as melodias
que teus olhos proferiam
A rua agora está vazia
cheia de gente que não tem
pra onde ir anda de um lado
para o outro de costas
sabe aquele gato que latia
o cachorro miou atrás dele
até que fosse embora...
ahhh como agora o silencio
grita no romper da aurora
e os sonhos que agora sonho
acordada...
você não tem noção
são páginas viradas
de um livro sem letras e sem
páginas
apenas eu e a louca sanidade
escrevem sem sentidos palavras
que mascaram a dor de te perder.

Rosane Silveira




Que eu me perdoe mil vezes mil
e ainda assim consiga
pecar mais um pouco...
Que eu acalente amores
e até dores e ainda assim
queira amar mais e mais
Que eu não me limite em nada
que ainda assim,
com os percalços da vida
consiga sentir-me feliz
no fim da estrada
pois o fim...não é o fim
quando temos coinciência de que
tudo foi feito
em detrimento da felicidade
do outro mas principalmente
em detrimento de nós mesmos
porque o amor é egoista
em sua essência...

Rosane Silveira

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Mirabilis

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Artforum Brasil XXI

Academia de Artes e Poéticas "Clarice Lispector"

Planeta, maio de 2008 -Academia de Artes e Poéticas "Clarice Lispector" - "Um espaço não vazio"....

A Academia de Artes e Poéticas "Clarice Lispector", é especial homenagem à escritora Clarice Lispector, nascida em 1920 e falecida em 1977. A literatura brasileira começou a viver uma revolução chamada Clarice Lispector, em sua época. Uma revolução que começou com o seu romance "Perto do Coração Selvagem", e que até hoje respira a alma de Clarice, que por sua vez inspira milhares de pessoas.

Estamos a exatos 12 anos do centenário de nascimento de Clarice e sua poética literária, que continua considerada como única em seu tempo (começo do século XX, quando com apenas 20 anos já manifestava suas posições e militância intelectual a favor da liberdade, dos direitos humanos, e contra a sociedade machista da época.

A obra literária de Clarice Lispector continua inspirando os estudos e teses sobre a alma humana, pois ela escrevia o que sentia, numa literatura existencial, numa prosa poética e urbana cheia de sentimentos intensos.

Clarice nasceu em plena fuga, na Ucrânia. Seus pais eram judeus e fugiam da perseguição religiosa da Rússia. Ela chegou com seus pais ao Brasil aos dois anos. Naturalizou-se brasileira e, com sua inquietude e angústia, transformou a literatura nacional para sempre.

Academia de Artes e Poéticas Clarice Lispector

Academia de Artes e Poéticas Clarice Lispector
Este espaço é a Primeira Academia Virtual em homenagem à pensadora, escritora e poeta que muito contribuiu com a história da literatura brasileira. Este espaço foi iniciado em maio de 2008, para homenagear a memória da escritora Clarice Lispector, bem como de outros autores e metres da literatura brasileira e internacional.

Este espaço cultural, poético e literário foi aberto em maio de 2008, como proposta apresentada no Fórum Internacional de Mulheres do Futuro pela Paz do Planeta.

Brasil, maio de 2008
Grupos ArtForum Brasil XXI
Projeto Universidade Planetária do Futuro
*

Fórum Internacional de Mulheres do Futuro pela Paz.

*

"Vamos Salvar A terra"
Vídeo by Ana Garjan & Luuh Designer

http://br.youtube.com/watch?v=lxAAWGKJpFU